Entre os diversos temas tratados na longa correspondência – 155 escritos conservados, trocados durante 43 anos – entre Karl Jaspers e Martin Heidegger, um em particular me chamou a atenção: opiniões sempre sinceras sobre a qualidade dos trabalhos dos autores e, inclusive, do de terceiros.
"Minha opinião sobre os estudantes de hoje, incluindo as estudantes, perdeu todo o otimismo" (...). "Falta a compreensão genuína do trabalho científico e, por isso, uma força efetiva de perseverar, de renúncia e de autêntica iniciativa. Mas ao final a crítica excessiva é também um estorvo; sofro porque, com cada manifestação aparentemente positiva, suscitam-se falsas expectativas. Antes dos quarenta anos não se deveria ocupar uma cátedra."
Como professor de Pós-graduação, tenho esse sentimento muitas vezes. Até hoje fiz duas orientações em que os alunos tinham verdadeiro espírito de pesquisador (a propósito, seguiram a carreira acadêmica...). Os demais tinham de ser em quase tudo levados pela mão. Há um estado de 'direito adquirido de não ser exigido'. Estranho isso. Foi exigido bastante de meus professores e aprendi por conta dessa exigência... (Esse 'Neumann' seria aquele Naumann que escreveu mais da metade da Constituição de Weimar?). Parabéns pela postagem, amigo!
Exatamente, caríssimo Carlos. Some-se a isso o fato de que, como já alertava Oakeshott, a universidade tornou-se para a maioria das pessoas meio de ascensão social. A princípio, nenhum problema nisso - sei que você, assim como eu, melhorou de vida por conta do estudo formal. Contudo, a redução da vida intelectual no ensino que deveria ser superior à aquisição de um ofício é a morte da universidade.
Sim. Uma melhora de vida acontece, ainda que não seja a regra, mas deveria ser consequência. Sim, também antevejo a morte a universidade. Não estou com isso defendendo elitismos. Sou bem socrático nesse aspecto: todos podem e devem se dar ao trabalho das exigências do estudo.
"Minha opinião sobre os estudantes de hoje, incluindo as estudantes, perdeu todo o otimismo" (...). "Falta a compreensão genuína do trabalho científico e, por isso, uma força efetiva de perseverar, de renúncia e de autêntica iniciativa. Mas ao final a crítica excessiva é também um estorvo; sofro porque, com cada manifestação aparentemente positiva, suscitam-se falsas expectativas. Antes dos quarenta anos não se deveria ocupar uma cátedra."
Como professor de Pós-graduação, tenho esse sentimento muitas vezes. Até hoje fiz duas orientações em que os alunos tinham verdadeiro espírito de pesquisador (a propósito, seguiram a carreira acadêmica...). Os demais tinham de ser em quase tudo levados pela mão. Há um estado de 'direito adquirido de não ser exigido'. Estranho isso. Foi exigido bastante de meus professores e aprendi por conta dessa exigência... (Esse 'Neumann' seria aquele Naumann que escreveu mais da metade da Constituição de Weimar?). Parabéns pela postagem, amigo!
Exatamente, caríssimo Carlos. Some-se a isso o fato de que, como já alertava Oakeshott, a universidade tornou-se para a maioria das pessoas meio de ascensão social. A princípio, nenhum problema nisso - sei que você, assim como eu, melhorou de vida por conta do estudo formal. Contudo, a redução da vida intelectual no ensino que deveria ser superior à aquisição de um ofício é a morte da universidade.
Grande abraço, meu amigo.
Sim. Uma melhora de vida acontece, ainda que não seja a regra, mas deveria ser consequência. Sim, também antevejo a morte a universidade. Não estou com isso defendendo elitismos. Sou bem socrático nesse aspecto: todos podem e devem se dar ao trabalho das exigências do estudo.