Caro Gabriel, primeiramente: excelente texto. Minha questão é bastante secundária ao assunto do texto, mas, com o perdão da digressão, devo perguntar: o tratamento de Sellars ao Mito do Dado, bem como a condição a priori transcendental de precedência conceitual a toda representação da experiência já antes desenvolvida por Kant, representa uma pedra no sapato para a redução fenomenológica de Husserl do fenômeno à sua pura doação?
Caríssimo Daniel, obrigado pela leitura e pelo comentário. Sua pergunta é excelente. Tanto que já há boas reflexões precisamente sobre este tema, incluindo um livro inteiro organizado por De Santis sobre as intersecções entre Sellars e a fenomenologia.
Sem pretender resolver de uma vez por todas - bem longe disso, na verdade -, creio que a crítica de Sellars pode oferecer obstáculos sérios a algumas versões ou tipos de fenomenologia, mas não creio que para a de Husserl. É claro que isso demandaria mais tempo, mas em linhas gerais penso que isso seja assim pelo fato de que a crítica de Sellars dirige-se a certo tipo de representacionalismo fundacionalista, isto é, à ideia de que nossos conhecimentos proposicionais estariam fundados, em última instância, em representações "puras", sendo esta pureza a ausência de qualquer dado não-sensorial. Mas não é essa a ideia de Husserl, sobretudo no que diz respeito a elementos tais como as variações eidéticas e, em última análise, a nossa capacidade de intuições de essências. Mas o tema é excelente. e a discussão vale muito a pena. Grande abraço.
Caro Gabriel, primeiramente: excelente texto. Minha questão é bastante secundária ao assunto do texto, mas, com o perdão da digressão, devo perguntar: o tratamento de Sellars ao Mito do Dado, bem como a condição a priori transcendental de precedência conceitual a toda representação da experiência já antes desenvolvida por Kant, representa uma pedra no sapato para a redução fenomenológica de Husserl do fenômeno à sua pura doação?
Caríssimo Daniel, obrigado pela leitura e pelo comentário. Sua pergunta é excelente. Tanto que já há boas reflexões precisamente sobre este tema, incluindo um livro inteiro organizado por De Santis sobre as intersecções entre Sellars e a fenomenologia.
Sem pretender resolver de uma vez por todas - bem longe disso, na verdade -, creio que a crítica de Sellars pode oferecer obstáculos sérios a algumas versões ou tipos de fenomenologia, mas não creio que para a de Husserl. É claro que isso demandaria mais tempo, mas em linhas gerais penso que isso seja assim pelo fato de que a crítica de Sellars dirige-se a certo tipo de representacionalismo fundacionalista, isto é, à ideia de que nossos conhecimentos proposicionais estariam fundados, em última instância, em representações "puras", sendo esta pureza a ausência de qualquer dado não-sensorial. Mas não é essa a ideia de Husserl, sobretudo no que diz respeito a elementos tais como as variações eidéticas e, em última análise, a nossa capacidade de intuições de essências. Mas o tema é excelente. e a discussão vale muito a pena. Grande abraço.
Excelente, Gabriel. Iluminou bastante. Forte abraço.